A aventura ( IX - e penúltimo )
(...)
Na manhã do dia 14 de Maio de 1974, uma Terça-feira, acabámos oficialmente a recruta numa parada militar realizada na placa de estacionamento da pista da BA1 perante altas patentes da FAP e muitos familiares convidados para a cerimónia.
Para além da importância subjacente ao acto de Jurar Bandeira – que foi o primeiro realizado em Portugal após o 25 de Abril - , foi o momento de demonstrar as habilidades cerimoniais aprendidas na recruta e de confirmar que seríamos capazes de manusear uma Mauser sem a deixar cair ao chão.
No dia anterior havíamos levantado as luvas e os atacadores brancos das botas. Já não tenho a certeza se as Mauser foram levantadas também na véspera mas tenho ideia que sim porque guardo a memória de a ter, alguma vez, metido no cacifo da camarata.
Revista feita para verificação do estado de brilho das botas e a compostura do nó da gravata avançámos para os hangars para daí sairmos, já formados e de arma ao ombro, até à placa de estacionamento.
Seguiu-se a Ordem Unida da praxe e a alocução proferida (que pode ser lida aqui) pelo Instrutor de Recruta, Alferes Miliciano António Ferreira Pinto.
Tenho ideia (mas não juro) de termos sido sobrevoados por uma formação de Chipmunk.
O Juramento de Bandeira e posterior desfile ao som da Banda da Força Aérea, terminou com o ”destroçar” para o encontro com as famílias e a dispensa até ao dia seguinte, altura em que retornaríamos aos voos que faltavam para seremos “largados”, agora já na condição de soldados - cadetes e alunos - de corpo inteiro.
Foi um dia memorável, onde pela primeira vez em muitos anos, se ouviram as palavras paz, amor e liberdade numa parada militar. Onde pela primeira vez os militares perfilados para o Juramento de Bandeira receberam a mensagem de que a sua responsabilidade “está em assegurar a paz e defender as liberdades individuais”. Em África, nas Colónias, já se negociava o cessar-fogo e no Continente e Ilhas já se libertavam os presos políticos.
A História, nas suas partidas, registou que o primeiro discurso de liberdade proferido num Juramento de Bandeira fosse pronunciado na Base Aérea mais antiga do País, numa granja que anteriormente havido sido pertença do Marquês de Pombal, o mais déspota de todos os Primeiros-Ministros que houve em Portugal
(a continuar)
Luís Novaes Tito
#Penduras
[0.013/2017]
Na manhã do dia 14 de Maio de 1974, uma Terça-feira, acabámos oficialmente a recruta numa parada militar realizada na placa de estacionamento da pista da BA1 perante altas patentes da FAP e muitos familiares convidados para a cerimónia.
Para além da importância subjacente ao acto de Jurar Bandeira – que foi o primeiro realizado em Portugal após o 25 de Abril - , foi o momento de demonstrar as habilidades cerimoniais aprendidas na recruta e de confirmar que seríamos capazes de manusear uma Mauser sem a deixar cair ao chão.
No dia anterior havíamos levantado as luvas e os atacadores brancos das botas. Já não tenho a certeza se as Mauser foram levantadas também na véspera mas tenho ideia que sim porque guardo a memória de a ter, alguma vez, metido no cacifo da camarata.
Revista feita para verificação do estado de brilho das botas e a compostura do nó da gravata avançámos para os hangars para daí sairmos, já formados e de arma ao ombro, até à placa de estacionamento.
Seguiu-se a Ordem Unida da praxe e a alocução proferida (que pode ser lida aqui) pelo Instrutor de Recruta, Alferes Miliciano António Ferreira Pinto.
Tenho ideia (mas não juro) de termos sido sobrevoados por uma formação de Chipmunk.
O Juramento de Bandeira e posterior desfile ao som da Banda da Força Aérea, terminou com o ”destroçar” para o encontro com as famílias e a dispensa até ao dia seguinte, altura em que retornaríamos aos voos que faltavam para seremos “largados”, agora já na condição de soldados - cadetes e alunos - de corpo inteiro.
Foi um dia memorável, onde pela primeira vez em muitos anos, se ouviram as palavras paz, amor e liberdade numa parada militar. Onde pela primeira vez os militares perfilados para o Juramento de Bandeira receberam a mensagem de que a sua responsabilidade “está em assegurar a paz e defender as liberdades individuais”. Em África, nas Colónias, já se negociava o cessar-fogo e no Continente e Ilhas já se libertavam os presos políticos.
A História, nas suas partidas, registou que o primeiro discurso de liberdade proferido num Juramento de Bandeira fosse pronunciado na Base Aérea mais antiga do País, numa granja que anteriormente havido sido pertença do Marquês de Pombal, o mais déspota de todos os Primeiros-Ministros que houve em Portugal
(a continuar)
Luís Novaes Tito
#Penduras
[0.013/2017]
Comentários